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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O Verissimo roubou minha caneta

Once upon a time, quando o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo ainda tinha o curso de gestão de negócios culturais e ainda tínhamos alguns passeios realmente culturais, em meados de 2007, ano de glória do Liceu. Bom, nesse ano o Centro Cultural Banco do Brasil, vulgo CCBB, estava em um "ciclo de debates" chamado Cronicamente Viável. O Cronicamente Viável era "apresentado" pelo Marcelo Rubens Paiva, "mediado" pelo Marcelo Tas (pelo menos nas primeiras edições) e sempre tinha um convidado especial: Bruna Surfistinha, Henrique Portugal, ... e LUIS FERNANDO VERISSIMO.

Claro que eu queria ir à todos os eventos possíveis, afinal com 15 anos você quer mais é badalar, não importando nem um pouco se o evento é um debate super intelectual. Enfim, eu queria ir mas minha mãe nunca deixava, eu mesma nem insistia, porque esse CCBB fica na Sé, centro velho de São Paulo, aquele lugar onde os capitães da areia roubam até suas meias e você nem nota. Não basta ser um lugar perigoso, o horário que acabava era perigoso: 23h. Mas claro que quando eu soube que o Luis Fernando Verissimo era o convidado da vez eu desci do salto e implorei. Sim, eu implorei. Posso jurar que até chorei de sair lágrimas (o que teria dado um efeito muito melhor se eu tivesse usado uma bad mascara pra que ela visse as lágrimas pretas caindo). No final ela deixou.

No dia do evento (terça-feira, 11 de setembro de 2007) eu passei o dia correndo pra lá e pra cá no centro com os amigos. Comprei um Outras do Analista de Bajé que eu tinha certeza que seria autografado naquela noite. Mal deu o horário e a groupie aqui já estava toda colérica no início da fila para entrar no auditório e pegar o melhor lugar. Corri e senteina primeira fileira ao lado de um amigo na esquerda e uma senhorinha linda e com carinha de vó que turned out being Lucia Verissimo, esposa do Luis Fernando, em minha direita. Claro que eu bati um papinho com ela e peguei um autógrafo, apesar de sua relutância.

O debate transcorreu sem que eu prestasse atenção no que falavam um minuto sequer tamanha a minha ansiedade para o final, momento no qual eu conseguiria ter o meu lindo livro autografado. Acho que poucas pessoas estavam realmente escutando porque bombardearam o pobre Verissimo com perguntas do tipo "Foi você mesmo que escreveu Quase?", o que eu lembro ter sido uma pergunta super deslocada.

No final o nosso querido Professor, Eduardo Viveiros, pediu ao Verissimo que ele desse uns autógrafos para os adolescentes maníacos que ele levara. Então lá estava eu saltitante: a primeira da fila. Como nosso querido escritor estava sem caneta eu emprestei a minha. (Eu nunca tive a capacidade de ficar com uma caneta por mais de uma semana então meu tio gentilmente colocava nome em todas as que eu tinha para que eu não perdesse ou para que elas voltassem para mim). Felizmente esta era uma das canetas com meu nominho lindo escrito num pedacinho de papel dentro do tubo. Eu emprestei a caneta e ele pegou meu livro para o tão esperado autógrafo.

-Qual é o seu nome?

-Rúvila - Eu respondi tremendo e já esperando a pergunta padrão: "Como?". Mas não. Ele olhou para mim e disse "Que nome bonito!". Eu derreti por dentro mainly quando ele escreveu meu nome do jeito certo no livro seguido de "um abraço" e seu nome.



Depois de todos os milhares de autógrafos Verissimo pegou a minha caneta bic cristal de ponta fina com a identificação por dentro do tubo e colocou em seu bolso. Sim, ele se apropriou indevidamente e acidentalmente de minha caneta, que felicidade!! Com minha caneta no bolso pousamos todos para uma foto.


Cessada a tietagem ele escapou de fininho e foi levado ao taxi que o levaria à algum restaurante. Ele foi embora com minha caneta no bolso. Ele jantou com minha caneta no bolso. E quem sabe não assinou o cheque com a mesma caneta que eu algumas horas antes havia anotado a matéria de geografia? A mesma caneta que eu havia perdido a tampa, colocado na boca, prendido o cabelo, pixado a carteira, feito bigodinho no colega, etc, etc, etc. A mesminha. Fiquei um bom tempo imaginando a cena:

Interior/dia - Escritório de Luis Fernando Verissimo

O escritor observa um detalhe na caneta com a qual fazia anotações. Aproxima-a de seus olhos e nota que dentro de seu tubo há um papelzinho com o nome "Rúvila". Ele coça a cabeça e diz

- Era de uma menina que foi ao Cronicamente Viável. Eu me lembro dela!

Fade out.

E foi assim que minha vida cruzou-se com a de um grande ídolo. Pode ter parecido a coisa mais babaca do mundo mas não é todo dia que um escritor super mega master talentoso rouba sua caneta bic. Também devo admitir que deixei o meu egocentrismo me dominar: pegava o Estadão de domingo imaginando uma pequena crônica sobre a caneta afanada e os créditos à minha mãe por ter sido tão excêntrica na escolha do nome da filha, ou algo do tipo.

Gente, sejam amores e deem uma olhada nesse vídeo de uma amiga minha fazendo um cover da Marjorie Estiano, tá incrível!

5 comentários:

Gab disse...

Que mágico! Amo de paixão Luis Fernando Verissimo. Ele é super tímido pessoalmente né?
É uma graça.
Que sortuda a tua caneta. haha.
Beijo.

Gabriel Pozzi disse...

"pegava o Estadão de domingo imaginando uma pequena crônica sobre a caneta afanada e os créditos à minha mãe por ter sido tão excêntrica na escolha do nome da filha"

HAHAHAHAHAHA EU SABIA QUE VC TINHA FEITO ISSO, EU SABIA, É A SUA CARA!!!!! HAUSHAUSHAUS
só na esperança de ver uma crônica chamada "rúvila", né? aaaah, eu tinha certeza que vc tinha procurado por isso! aposto que até já jogou no google "luis fernando verissimo - ruvila" HAUSHAUHSUAHSU

enfim amor, eu lembro muito bem daquele dia também, e poxa, ele tirou a foto com a mão no meu ombro, MAS NÃO APARECEU D:
(é a mão do jp que apareceu, nem do evandro era rsrs)

foi um dia legal, e eu prestei atenção u_u

beijos gatinha!

Gabie disse...

sabe, esse texto foi MUITO bem escrito!! :)
beeeijos, prima*

Kamilla Barcelos disse...

Eu empolguei totalmente lendo o seu texto. Nossa, sei da sua emoção. Quando fui conhecer a Adélia Prado, nem prestei atenção também no que ela falava, eu queria o MEU AUTÓGRAFO! Ahh, como eu queria conhecer o Luis Fernando Verissimo!

Luu disse...

Eu simplismente adoro vir aqui sabia? rs
Agora Luis Fernando Verissimo, ahh isso é muito pra mim...
Logo eu futura jornalista academica de segundo ano... rs eu simplismente queria ser vc, HAHAH
um beijo querida!

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