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domingo, 27 de março de 2011

Gene do Desastre

Com a biologia aprendemos que um ser humano tem 46 cromossomos, 23 alelos vieram da mamãe e 23 do papai, juntando os dois você tem um gene que pode ser homozigoto (AA, aa) ou heterozigoto (Aa) de caráter recessivo (aa) ou dominante (Aa, AA). Genetiquês a parte, todos quando param em frente à um espelho maldizem aquele "A" maiúsculo que ganhou da mãe que veio fisicamente traduzido como um belo de um narigão no meio da cara ou aquele "a" minúsculo do pai combinado com o "a" minúsculo da mãe que gerou esse lindo cabelo. De um jeito ou de outro a genética ferrou à todos nós, não tem como negar, e se alguém um dia me perguntar qual é a maior causa de cirurgias plásticas minha resposta será "crappy genes" e não "a sociedade moderna" como qualquer um gostaria de ouvir - não que eu seja a favor de plásticas, só digo que entendo as razões de quem faz.

Sendo espectadora da vida já há 18 anos não pude deixar de reparar que alguns comportamentos também parecem ser transmitidos em nosso DNA então decidi assumir essa teoria. Pelo menos os meus traços mais marcantes de comportamento  vieram dos meus progenitores. Claro que o comportamento é um fenótipo (quando a ação do ambiente "modifica" o jeito que um gene expressa uma característica, por exemplo quando ficamos morenos de sol) da convivência porque desde criança nossos pais ditam as regras, as coisas que devemos fazer a torto e a direito. Acredito que seja assim: gene + convivência social + educação = comportamento.

Enfim, minha mãe não tem organização nenhuma; física, mental, nenhuma. As frases dela muitas vezes são códigos ("pega o coiso lá na coisa preta do quarto", "derrubei um negócio, traz a coisa de limpar") que muita gente não entende, ela chega do trabalho e joga roupas no chão do banheiro, deixa a bolsa na cozinha, gavetas abertas e ainda tem a cara de pau de reclamar quando eu uso a pasta de dente e deixo destampada. Ela nunca sabe onde as coisas estão, é desastrada e desorganizada. Isso definitivamente foi parar em suas células germinativas.

Herdei na minha carga genética o alelo dominante para o que eu chamo de Gene do Desastre. Ele se manifesta em mim sob o seguinte enunciado: se uma coisa errada ou muito bizarra for acontecer ela acontecerá comigo; se existe a possibilidade de quebrar algo, machucar o joelho, tropeçar num degrau, sujar a roupa com comida, derrubar alguma coisa com certeza serei eu quem irá aproveitá-la. Eu bato a porta da geladeira no meu pé 5 vezes por dia, prendo a manga da blusa na maçaneta da porta pelo menos uma vez por semana, já estraguei roupas por cair na lama, já estraguei toalha de mesa por derrubar alguma coisa que não sai, já quebrei o pote de bolacha e cortei a testa com o vidro dele (e isso foi com 6 anos, só o início da carreira). Meus joelhos, braços e coxas vivem com hematomas roxos e impossível você me encontrar na rua e não reparar no meu novo corte na mão. Também sou distraída. Mas mãos aos Céus só herdei a parte desastres, a parte bagunça ficou todinha no quarto da minha irmã, beijo Érika. Obrigada por isso, mãe, seus genes são ótimos, viu?

Agora, me diz, já existe plástica no DNA, se sim, vou precisar.

Ps: Mãe, essa era pra ser uma homenagem de aniversário mas parece que herdei mais da sua organização mental do que gosto de admitir. Anyways, Feliz aniversário uma semana adiantado! :)

segunda-feira, 21 de março de 2011

Bolo pré pronto

O otimismo e a realidade não são muito amigos porém a relação desses dois é de amor quando comparada à relação entre o otimismo e o passado. Já vivi o bastante para perceber que o otimismo tem suas limitações que muitas vezes coincidem com uma lembrancinha do passado. Mesmo a pessoa mais otimista do mundo tem suas limitações. Quem nunca ouviu a frase "eu sei fazer bolo mas só os de caixinha, fazer do zero nunca deu certo" ou "nunca vou acertar o bastante para passar no meu curso, no último simudado só acertei 50%" ou "estudei isso mas aposto que não vou lembrar, foi há muito tempo atrás"?  Estão vendo, otimismo limitado.

Não vou me crucificar pelos horários que já burlei, não vou me importar com as pessoas do cursinho que não vão com minha cara e gostam de me ignorar, não vou deixar de dormir minhas 8 horas por noite para colocar as coisas em dia, não vou ficar neurótica até pelo menos o meio do ano. O importante é que eu vou me adaptar aos horários, farei novos amigos, deixarei meus estudos em dia e eventualmente ficarei neurótica (isso não dá para evitar). E não importa que o aconteça, from now on I'm gonna be bright and shiny...

Minha proposta (da série "me tornando uma pessoa melhor") é esquecer o passado, esquecer tudinho. Agora não importa se o bolo não deu certo, se eu só acertei 50 e a nota de corte foi 50 ou se meus conhecimentos estão perto da validade. O presente está aqui e tudo o que eu preciso é enfiar a mão na massa e botar o bolo pra assar com todo o meu otismismo, serei tão otimista que os dentes alheios doerão. Com a realidade eu lido depois, o que eu quero agora são sorrisos e palavras de estímulo, tenho certeza que pra quase tudo tem-se o devido remédio, inclusive pro fracasso. Meu copo não está meio cheio, está transbordando de otimismo.



segunda-feira, 14 de março de 2011

Minhas viagens de Carnaval

Há mais ou menos 1 ano atrás eu fiz estágio em uma agência de fotojornalismo chamada Futura Press. Essa agência fica, de ônibus e metrô, a 2 horas e alguns minutos da minha casa então por isso o estágio foi só um estágio e não se tornou trabalho, pra falar a verdade eu gostaria de trabalhar por lá mas essas viagens - ida e volta - de 4 horas e as longas jornadas de trabalho aos sábados, domingos e feriados, o que me impossibilitaria de colocar os estudos em dia, me impedediram de pegar o emprego fixo por lá. Sim, o verbo TO COMMUTE foi feito para mim nessa situação. Quando meu estágio terminou fui trabalhar em um escritório de contabilidade em frente de casa, profissão nada a ver, mas trabalho perto (do outro lado da rua).

Enfim, apesar de ter saido de lá em algumas datas importantes e movimentadas, jornalisticamente falando, eu volto lá como free lancer. Foi assim nas eleições no ano passado e foi assim nesse carnaval. Trabalhei lá nos dias 05, 06, 07, 08, 12 e 13 de março das 10:00 às 19:00. Como já disse que levam duas horas e pouco para chegar lá em Jaguaré City vocês já fizeram as contas que saí de casa às 7:30 da manhã e cheguei às 21:30. Pra quem não conhece minha linda São Paulo, aqui vai um maps:



Minhas viagens de Carnaval foram essas, sair da Vila Cisper (A) e chegar em Jaguaré City (B), sair de Jaguaré City e chegar na Vila Cisper. Chegava em casa o bagaço, nem isso, chegava em casa o bagaço processado e peneirado. Mas por mim tudo ok porque eu gosto de me sentir viva e trabalhadora, sem contar na gratificação de pensar que estava fazendo parte da imprensa e jornais levariam as fotos que eu ajudei a editar e vender, isso pra mim é uma coisa incrível, sem contar que pude rever os amigos queridíssimos (zoar a irmã vai pra minha lista das melhores coisas do mundo) e dar muita risada.

Para voltar pra casa pego ônibus em frente a um supermercado, o que significa movimentação. Movimentação, vírgula, nos dias em que o mercado estava aberto: sábados e segunda-feira, véspera de feriado. No domingo e na terça-feira, feriado de Carnaval, ficamos eu e o monte de feno rolando pela rua totalmente deserta.

Fui criada por uma fã do Datena, um jornalista que nem é sensacionalista. Minha mãe vê perigo em tudo e onde não tem ela imagina. Uma rua deserta é o cenário ideal de um crime, aprendi isso de criança lendo os livros da Coleção Vagalume. Talvez eu tenha herdado isso dela, uma imaginação fértil para crimes. Ou talvez eu já tenha lido muitos livros do Mario Puzo.

No domingo fiquei nesse ponto sozinha por 40 minutos porque o damn ônibus não aparecia de jeito nenhum. Cada carro que passava era um minuto de respiração a menos para os meus pulmões. Já imaginava a cena do meu corpo boiando na represa, assim mesmo, Mércia Nakashima feelings ou o menos pior, um capitão da areia vindo me assaltar. Passei os 40 minutos, desculpem a expressão, com o cu na mão. Quando eu vi aquele Metrô Vila Mariana virando a rua uma lágrima de felicidade brotou nos meus olhos.

Já na terça, antes de ir embora joguei no ar o meu medo de ficar sozinha no ponto mas como ninguém podia sair do trabalho fui condenada a mais 40 minutos de terror. Nesse dia eu estava resignada não deixar o medo me dominar então a atitude mais sensata a tomar era a de pegar o primeiro ônibus que passasse, não importa correr o risco de assalto no metrô Marechal Deodoro, metrô é metrô, melhor que ponto de ônibus no fim do mundo. Estava lá firme e forte, com uma garrafa de água na mão, pronta para ser usada na cabeça de qualquer um que mexesse comigo, vigiando os lados e principalmente a rua de onde o ônibus sai. Minha concentração na rua do ônibus só oscilava quando era o tempo da vigilância contra capitães até que eu senti algo que mandou garrafa de água, resignação, controle de medo e escambal para o inferno. Senti um pesinho no pé, assim, subindo pra boca da calça daí tive a reação comum: olhei para o meu pé pra ver o que estava causando esse peso. Seria melhor não ter olhado. UMA RATAZANA ESTAVA EM CIMA DO MEU PÉ, e o pior, pronta para uma escalada.

Quando eu vi o bicho tive aquela reação básica de menininha, dei um pulo pra trás e gritei. Nesse momento o pânico da situação + o medo da rua deserta + raiva do ônibus que estava demorando me atacaram de vez então é óbvio que eu comecei a chorar. Chorar muito. E ainda vem o pior do pior, um dos colegas de trabalho ia passar lá no ponto porque ele foi em casa buscar alguma coisa. Sabe aquela vergonha alheia de si mesmo? Que situação: um rato subiu no meu pé e eu fico chorando feito boba? É claro que ele não podia ver aquela cena mas só de pensar que eu precisava parar de chorar me fez chorar mais. Quando enfim controlei o choro ele passou e eu contei a história pra ele toda descontraída, "dá pra acreditar?", como se toda semana tivesse um dia do rato no pé. Claro que depois disso deixar o pé no chão por mais de 3 mississipis estava totalmente fora de cogitação.

Um ônibus apareceu e eu pulei pra dentro mesmo correndo o risco com os capitães da areia, melhor ataque humano que ataque de ratos. Sentei na poltrona, peguei o celular, apertei aquele botão verdinho e do outro lado escutei a voz do namorado. "UMMM RAAAAATO SUUUUBIU NOOOO MEEEEEEEU PÉÉÉÉÉ!" e mais lágrimas precisariam ser controladas.

Cheguei em casa, depois de 2 horas mordendo a bochecha por dentro e cutucando os cantinhos das unhas. Minha mãe pergunta "tudo bem?" e lá fui eu mais uma vez "NÃÃÃO, UMMM RAAAAATO SUUUUBIU NOOOO MEEEEEEEU PÉÉÉÉÉ!". Dessa vez não fiz questão de controlar lágrima nenhuma. Arranquei a calça, o tênis e mandei lavar tudo. Mamãe veio com chazinho calmante.

Claro que sábado foi o dia de falar do ocorrido para todos do trabalho e torcer que uma alma tivesse a bondade de me acompanhar no ponto de ônibus no dia seguinte. Todos riram da minha cara, até mesmo eu ri mas de volta a cena do crime não parei de vigiar o chão, perderia o ônibus mas não perderia de vista qualquer animalzinho, uma folha de árvore se mecheu com o vento e eu dei um pulo, imagine a tensão!

Minha apreensão veio forte no domingo. Mas a Fernanda, irmã, fez a fofura de ficar comigo no ponto de ônibus me protegendo de ataques de ratos malignos (me preocupar com capitães da areia pra quê, né?). E em falar em fofuras e gentilezas, a RosÂngela fez lanchinho para todo mundo. E mais uma vez o dia foi salvo graças ao Team Futura. (yaay Loucura Press)

***
Gente, essa semana estive meio ausente mas cá estou mais uma vez. Queria dizer que a #mafiadascartas está me enchendo de orgulho, já recebi 2 cartinhas. E já que o Etapa (chupa!) começa hoje tenham paciência em relação as respostas dos comentários de vocês, Google Reader tarda mas não falha.

quinta-feira, 3 de março de 2011

August, I see you soon...

Março chegou e dele já se foram 2 dias inteiros. Dentro de 11 dias o meu ano realmente começa. Até agora, ou até dia 14, eu estava em um SPA onde eu podia passar o dia dando comida para os passarinhos, fazendo carinho nas minhas cachorras, bancando a Branca de Neve e assistindo Todo mundo odeia o Chris porque sei que a partir da primeira aula no Etapa o meu lema será "estudar, estudar e estudar".

Eu levo as coisas muito a sério, MUITO. Sou a Monica Geller e para tudo eu estabeleço prazos e boto regras (o que não quer dizer que eu as sigo sempre). Eu tirei esse ano para estudar e é claro que eu vou estudar e nada de ficar feliz até ultrapassar em 20 a minha nota de corte da USP. Vou enlouquecer a ponto de acordar de madrugada com a resposta de uma questão que ruminei o dia inteiro. Meu quarto ficará cheio de bilhetinhos, cronogramas, listas com o que eu tenho de fazer, fórmulas, datas e fatos que preciso decorar. Já falhei uma vez, outra não posso. E não faz mal, eu gosto disso.

Em março vão se embora muitas das leituras just for fun e chegam as obrigatórias. Uma por mês e sua devida análise começando com o Auto da barca do inferno, do Gil Vicente. Mês que vem é Iracema again (xiii). Vai embora meu direito de passar o dia de pijamas, começa o meu novo ciclo de convivio social e chegarão novos amigos. A partir de março chegarão as cartinhas da #mafiadascartas e eu feliz da vida prontamente responderei.

Muitas das preocupações de março ainda são as mesmas de fevereiro mas estão sendo rapidamente resolvidas para que a lista do meu espelho suma logo dali. Esse é o mês com 6 dias de trabalho, voltar à Futura Press é sempre um prazer, meu coração trabalhador mora lá.

Junto com março me chegou um otimismo incrível que me acompanhará até o fim dessa jornada e da outra e da outra e da outra...
Monica Geller mode on
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