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domingo, 30 de setembro de 2012

Ipiranga e São João


"Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João 
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi." 


Obviamente, eu também não entendi. Vou explicar isso melhor. Sou paulista, nascida na capital, e sempre morei em São Paulo (exceto por alguns meses longe). Sou alguma coisa boa com caminhos e na maioria das vezes eu decoro bem as ruas. Bom, eu achava isso até sexta. 

Sexta feira, eu e o namorado fomos a um festival de cinema -  o Indie 12 - para fazer um texto pro Cinéfilos. O filme que veríamos era exibido na Galeria Olido, que fica na famosa Avenida São João. Descemos no metrô Sé - nada mais charmoso que andar no meio daqueles prédios antigos - e pedimos ajuda ao moço de uma banca de jornal, ele indicou o caminho e fomos seguindo, naquela expectativa: "vamos cruzar a Ipiranga com a São João". 

Andamos até chegar em um local muito conhecido por nós: a Galeria do Rock! (uma das entradas dela fica na Avenida São João) A surpresa não poderia ser maior ao descobrir que a Galeria Olido fica ao lado da Galeria do Rock. 

Como chegamos bastante cedo, pegamos os ingressos do filme, fomos comprar uma comidinha e procurar o cruzamento da Avenida Ipiranga. Nesta ordem: dobramos uma esquerda para ir numa lojinha que eu conhecia, na rua do metrô República, e voltamos para São João, buscando a Ipiranga. 

Queria ter uma foto da minha cara de decepção ao ver que nós já ESTÁVAMOS na Avenida Ipiranga. Nada acontece no meu coração quando eu cruzo a Ipiranga com a São João. Nada. Passei minha vida toda fazendo esse caminho, sem saber que ele era O caminho.

Agora podem falar: Não existe amor em SP, não existe amor por SP.


Prometo tentar redescobrir minha cidade de agora em diante. (e proponho que vocês façam o mesmo) 

domingo, 23 de setembro de 2012

Adeus, Lenina. [23/29]

- Calma, amor, vamos dar um jeito nisso juntos, mas antes temos que sair daqui o mais silenciosamente e discretamente possível. - Ele me deu um beijo tranquilo e suave que me acalmou por uns segundos. Quando nos levantamos e estávamos nos direcionando para a saída daquele lugar tenebroso ouvimos passos e a voz do Dr. O liver: "Sei que você está por aqui. Não vai conseguir se esconder por muito tempo, Alex." Meu coração parou de bater de tanto medo.

Fizemos o que achamos mais adequado: corremos para tentar fugir.

***
Pouco consigo lembrar daquela noite em que vivi o meu maior pesadelo: ser enterrada viva. Não só vivi meu pior pesadelo, mas vivi diversos outros pesadelos que eu nem imaginava que existiam. Em menos de uma semana descobri que meu namorado era um zumbot, tive que salvá-lo, fui ameaçada, capturada, teoricamente morta e enterrada viva, escapei e fui capturada novamente.

Sim, fui capturada naquela noite, no cemitério. Dr. Oliver teve a ideia de seguir Alex, que levado pelo desespero, não conseguiu perceber a sua presença. Lembro muito bem das mãos do Dr. Oliver me apertando, lembro de uma sala horrível e uma voz metálica me perguntando se eu tinha alguma “última declaração”. Apesar de me lembrar desses pequenos detalhes, pouco me lembro do que aconteceu depois daquela “picadinha”. Tudo isso agora me parece tão distante.

Sei que virei um zumbot. Passei alguns anos da minha existência dessa forma, vivendo da maneira mais deplorável possível: eu não sentia nada. Não sentia dor, não sentia fome, não sentia frio, não sentia calor... NÃO SENTIA AMOR. Sinceramente, nunca consegui entender a natureza de Alex, ele era um zumbot e AMAVA, enquanto o eu-zumbot era ação e reação, um emaranhado de carbono sem nenhuma autonomia. Hoje, eu chamo a Diana daquela época de Lenina Crowe, uma personagem do livro “Admirável mundo novo” que hoje é o meu favorito.

A intenção de Dr. Oliver era tornar o ser humano imortal, transformando-o em zumbot mas não entendo como alguém poderia viver para sempre dessa maneira. Na minha concepção, vida e existência eram diferentes; como zumbot eu era a subexistência. Como existir para sempre seria melhor que viver poucos – mas incríveis – anos?

Agora eu sei que Alex era diferente, talvez ele foi uma experiência que não deu certo. Nunca saberei. O que eu tenho certeza é que ele jurou seu amor por mim, jurou que cuidaria de mim, e cumpriu todas as suas promessas de uma forma que surpreendeu a todos. Ele era meu anjo e sem ele, eu estaria condenada a ser um zumbot para sempre, literalmente.

O amor de Alex por mim é um capítulo à parte, a história que eu estou contando agora é a de como eu e Alex deixamos de ser zumbots e essa é uma história de amizade, muita amizade.



***
Alou você!
Se você está acompanhando o conto mafioso e chegou no meu texto pela minha filhinha Loren, continue lendo a história no blog da Mari
Se você é novo aqui, esse é um conto escrito a 29 mãos e começou com a Rafaella (dá pra acompanhar a história através dos links que cada uma fornece no final). É organizado pela Máfia e quem sabe um dia não vira livro?

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

God bless the daylight

"And together there
In a shroud of frost and mountain air
Began to pass through every pane of weathered glass
And i held you closer..."




Queria mesmo era poder te abraçar e tirar de você tudo que te faz mal, tudo o que te apodrece por dentro. Eu só quero te ver feliz.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Queria ter palavras

Sempre achei a internet uma coisa meio surreal, do tipo “no meu quarto eu falo com o mundo todo”. É bastante bizarro e por isso sempre penso que é uma invenção minha. E fazer amigos pela internet é tão estranho quanto. Você acaba falando com uma foto. Não tem voz, não tem o toque na mão enquanto se conversa, não tem expressão facial, é foto e escrita.  Apesar de toda essa história de virtualidade abstrata, é possível (SIM) fazer amigos pela internet, sou prova viva disso.

Em 2009 criei esse blog e a partir dele conheci muita gente. Muita mesmo. E um dia eu conheci a Analu. Nem lembro como, só sei que depois visita-vai-e-visita-vem passei a segui-la no Twitter e com isso demos início a uma amizade muito da linda. E não foi um fenômeno exclusivo ocorrido somente entre eu e Analu, não. Foi acontecendo entre mim e outras meninas tão fofas quanto.

Sei que em setembro de 2011 Analu me adicionou em um grupo. A amizade que surgiu nesse grupo de meninas é um caso à parte de toda a internet. A Máfia é bem uma família, saem brigas e mágoas às vezes, mas o amor que corre lá dentro é muito grande.

Nesse agosto, eu tive a chance de passar algumas horinhas (bem curtas na verdade) com algumas (muitas) delas, várias de outros Estados do Brasil, o que foi realmente uma experiência muito louca na minha vida. Eu já havia encontrado com algumas, trocado abraços e conversas mas dessa vez foi bem diferente. É uma sensação sem igual abraçar pela primeira vez alguém com quem você já tem uma grande amizade.

Acho que é esse o meu sentimento sobre o Encontrão: único. Demorei muito para escrever esse texto (que com certeza não expressa nada do que eu senti naquele momento em que olhei para os rostos daquelas pessoas com quem converso e troco sentimentos) porque não só a falta de tempo impediu mas a falta de palavras também. Nenhuma palavra nesse mundo vai me fazer entender porque tremi de nervoso na frente de pessoas que converso há mais de um ano, nada vai me fazer entender o que foi aquilo que senti.

E pra vocês, minhas amigas, fica o meu carinho e a vontade de estar junto, de novo e por mais tempo.


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