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quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Cinema e a magia de suas salas

Se existe uma herança que ficou de 2012 foi o número de diferentes salas de cinema que eu conheci. 

Começando do início: em agosto de 2012, comecei a escrever pro Cinéfilos - site sobre cinema da Jornalismo Júnior. Aprendi (ou não) a escrever sobre filmes que fui ver, na maior parte das vezes, no cinema. A magia de tudo isso está ai. Até então eu nunca havia reparado na discreta poesia das salas de cinema. Sempre fui assistir a filmes em cinemas de shoppings e em uma quantidade pequena de shoppings. Conhecia no máximo 10 salas divididas entre "boas" e "ruins", mas 2012 foi um ano de mudanças profundas e com isso meus conceitos sobre salas de cinema também mudaram.



Em julho, a lazer e como presente antecipado de aniversário do namorado, fui conhecer o famoso IMAX. É a sala perfeita para ver O espetacular Homem-Aranha, que arrancou suspiros de todas as meninas e enlouqueceu todos os fãs de super-heróis (ou não, não fique ofendido se você não gostou). Para quem nunca foi, recomendo fortemente essa experiência antropológica que é o IMAX. Mas ainda não é a poesia a que eu me referi. Os efeitos 3D do filme não permitem que você tire os olhos da tela, o que não deixa perceber nada além da gigante tela.

Já em agosto, numa verdadeira missão Cinéfila, fui ver um filme na Galeria Olido. Com cara de cinema de rua, cheiro de mofo e cadeiras de madeira, foi a sala de cinema com mais cara de filme antigo e clássico que já visitei. Bem diferente das salas comerciais e industrializadas do Cinemark, entrei em um daqueles momentos da vida que realmente parece que você está vivendo uma vida que não é a sua. A lentidão do filme me possibilitou reparar bem no ambiente, lotado de velhinhos que moram nas redondezas. Ao escrever a resenha senti muita vontade de falar da sala, ao invés de falar do filme. (O filme é O verão de Giácomo e esta foi a minha primeira crítica para o Cinéfilos.) 

Conheci a sala de cabine de imprensa da Paris Filmes. Uma salinha pequena e aconchegante, para aproximadamente 15 pessoas, com um projecionista com cara de quem tem muita história pra contar. Vi dois filmes por lá: As vantagens de ser invisível e Possessão.

Também fui na linda Cinemateca. Vi um dos filmes mais simpáticos da minha vida, cuja resenha nunca saiu do esboço: No espaço não existe coração. Filme divertido, sala moderna, aconchegante e com aquela cara de sábia. Obviamente ela foi reformada, mas ainda guarda muita história. Fiquei impressionada com a sofisticação e aquela sensação de "lugar de cultura". Me senti uma criança lá dentro e me lembrei que ainda tenho muito o que aprender, mas estou no caminho certo.


Descobri também que uma sala do Cinemark pode ser um local de se escrever história. Talvez a comercialização do cinema diminua um pouco o impacto das críticas e o glamour dos críticos - com aquela fama maravilhosa de cineastas recalcados. Mas só talvez porque me vi, tão pequena, sentada ao lado dos grandes - ou grandes recalcados - colunistas de veículos enormes (Folha, Rolling Stones, Reuters, Estadão). Ali, ao ladinho de celebridades do jornalismo cultural, vi A escolha perfeita e Jack Reacher, antes da estréia. 

Agora, após a leitura de "Um filme é para sempre" de Ruy Castro (beijo, Ana, serei eternamente grata pela indicação e pelo empréstimo), estou morrendo de vontade de ver um filme no Cinema Paissandu - mais um dos caprichos de quem tem saudade daquilo que não viveu e agora não vai mais conseguir viver porque o tempo passou. 


O livro é maravilhoso e trouxe muita inspiração pra a Rúvila nova-diretora-tremendo-de-medo-do-Cinéfilos e pra Rúvila fã-de-viver-a-vida-alheia-em-salas-cheias-de-poesia. O Ruy é um jornalista inacreditável. É impossível ler um artigo dele sem pensar que ele viveu na época em que o filme foi produzido, foi ao SET três vezes no dia e era BFF das pessoas sobre quem está escrevendo. Incrível como ele sabe sobre os bastidores do filme ou da vida retratada. 

Também descobri o que é ir ao cinema sozinha - e apesar de não ser do jeito que eu mais gosto, não é mau. É quieto, mas genuinamente meu. 

Não sei qual é o futuro dos críticos de cinema, não sei se eu posso me considerar uma e com certeza não sei se farei isso da minha vida. Só sei que fingi ser uma e it feels so good

8 comentários:

Vanessa Bittencourt disse...

Acredito que visitar cinemas tão variados assim deve ser o máximo, mas não vou negar que não resisto ao conforto do Cinemark HAHAHAHA E eu simplesmente adoro ir ao cinema sozinha. Essa também é uma excelente experiência - pra quem sabe aproveitar. E boa sorte nessa missão de diretora. Vai arrasar!

Luana Natália disse...

Que experiência gostosa! :)

Ana Luísa disse...

Ei Rúvs! Adoro IMAX! O primeiro filme que vi nessa sala (foi aqui em Curitiba já) foi Alice no país das maravilhas! Depois vi Harry Potter e as relíquias da morte parte II duas vezes, porque precisava daquilo pra mim. Posso comprar o filme depois, mas sentir pedaços de Hogwarts voando na minha cara seria só ali.. Aí vim também Amazing Spider Man (e chorei o filme todo, diga-se de passagem).
Fiquei com invejinha de você ter visto Perks nessa sala intimista, deve ter sido incrível!
Beijos e bom ano cinéfilo!

Mayra disse...

Se eu tenho um sonho é visitar um cinema de rua e assistir um filme no estacionamento de alguma lanchonete gostosa, como nos filmes americanos, só que aqui só há cinemas em shoppings e a cinemateca. Conheço todos os cinemas e vou a eles em todas as férias, em meu grande tour porque sou apaixonada e gosto de ver se houve mudanças, a cinemateca nunca visitei, mas pretendo reparar este mal ainda neste mês porque está passando "Curitiba zero grau" e quero muito ver! Quanto ao IMAX eu só vi graça em "Alice no País das Maravilhas", o do Tim Burton. Amei o filme no dia que vi lá, depois revi e achei ruim, mas lá foi tão mágico que nem tinha como não amar! Só que voltei pra ver outros filmes e foram decepcionantes e caros o que me frustrou bastante. O que eu gosto mesmo é da sala VIP de um cinema que tem aqui, cabe só 16 pessoas e a poltrona deita e tem bandeja, você não tem ideia da belezura que é!
Quanto a você, se você virar crítica cinematográfica morrerei ainda mais de orgulho de você, porque é uma das profissões sonho da minha vida, sério mesmo!
Bom ano pra você e aproveite muito a vida de Cinefila!
Abraços!

Kamilla Barcelos disse...

Que massa essa sua experiência. E a partir de agora vou começar a reparar melhor nos cinemas em que frequento.

Rafaella Soares disse...

Ir ao cinema: uma experiência que eu gostaria de fazer mais vezes.

Eu acho que o que faz o filme ser tão incrível, no fim das contas, é a sala. Afinal, de que adianta você ter ido assistir o filme *top* do momento se você mal conseguia ficar na cadeira? O conforto é o que deixa o filme ainda mais gostoso. Acho que é por isso que eu detesto o IMAX, sua tela gigante e seu 3D incômodo. Eca.

Mas sou altamente fã de salas tranquilas, como a sala 10 do cinema do Bourbon. Aquilo está mais para salão de festas do que para cinema, mas foi tão bom que o filme valeu cada centavo. Still: quando for a uma dessas salas antigas, me chame. Sinto muita vontade de conhecer.

E mais: orgulho do seu crescimento. Quando formos ver, tenho certeza que você será mais do que imagina hoje.

Beijo.

Nina disse...

Além dos tradicionais cinemas de shopping, só tem um cinema daqui que eu realmente visito e amo. É um cinema com ambiente super cult, embora a sala propriamente dita não seja lá grande coisa: só é possível aproveitar o filme sentadinha lá na última fileira. Mas as poltronas são vermelhas, o que é uma raridade por aqui. E eu me senti Amelie Poulain total.
Adorei conhecer esse teu lado cinéfila. Cinema também é cultura. E cultura só enriquece.

Tay disse...

Rúvis, quanta paixão hein? Acho que você está trilhando seu caminho de maneira linda, mas não se preocupe se amanhã você estará trabalhando com isso ou não: vá vivendo. Dá pra ver que você está muito satisfeita, então enquanto tiver, produza.
Aqui tem um cinema mais intimista que é o da Fundação Joaquim Nabuco, a sala é até grandinha mas nunca vi lotada (acho que deve lotar só nos festivais). Pena que vou pouco lá. Vou pouco em qualquer cinema, apesar de amar. Tenho que consertar isso.
E eu gosto mais de ir ao cinema sozinha, acredita? Dá a impressão de aproveitar mais tudo, pois só é você e a tela (e a pipoca, o refri, mas enfim, rs).
Beijos querida!! E boa sorte sempre no Cinéfilos e na vida. ;)

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