Há dois anos perdi meu primo, Evandro. Perder alguém é uma coisa totalmente inacreditável. Já se passaram 2 anos e às vezes eu ainda espero encontrá-lo em casa comendo pastel e assistindo à um filme tosco.
Há uma semana uma amiga me mandou uma sms me dizendo que a Amy Winehouse havia morrido. E mesmo com toda a mídia repetindo a notícia ainda nem sei se acredito. Na terça-feira, foi o velório dela, começaram a falar disso no Jornal Nacional e eu, mãe e irmã nos reunimos pra ver. Quando anunciaram que as palavras do pai dela foram “durma bem, meu anjo” brotaram lágrimas nos olhos das três.
Eu conheci a Amy em 2007. Um amigo me mostrou a letra de Stronger than me, apaixonei. Eu entrei em colapso nervoso e não melhorei até ouvir todas as músicas dela. Fiquei uns 4 meses ouvindo Amy sem parar e nada além disso. Daquele jeito de cantar junto, respirar junto, imitar os instrumentos. Dai que a paixão foi se estabilizando e fui abrindo espaço pra outras bandas e cantores. Nesta época pedi o Back to Black de Natal mas ganhei uma jaqueta. Comprei um vestido no estilo dela e jurei que minha fantasia da próxima festa seria de Amy, não fui à nenhuma festa a fantasia desde então.
Pois veio o desastre: meu antigo computador pifou e com ele toda a discografia de dois álbuns da Amy foram pro espaço. Decidida a baixar só o que estava na minha cabeça, dois discos viraram um. E mudando de computador mais uma vez, dois discos viraram quatro músicas. O pior disso tudo é que eu não percebi isso até sábado. Eu sempre ouvia mas não tinha parado pra pensar o quanto tinha reduzido. Até que há uns meses eu estava sentindo falta de uma música dela, procurei pra baixar e sair cantando “Amy, Amy, Amy” por ai, mas quem disse que eu achei?
Sabe quando os artistas morrem e ganham uma legião de fãs mas em vida não tinham nada? É bem isso. Sabe aquele ditado que diz que a gente só dá valor quando perde? Bem isso.
Não tem um mês que a Amy era a chacota de várias revistas por dar vexame nos shows, já nesta semana, tem uma foto dela super comportada, gordinha, com cara de saudável e sem o cabelo de ninho, com a legenda “1983-2011”. Ok, hipocrisia com respeito. Ai eu, fã das antigas escuto uma tiazinha no ônibus dizendo que foi tarde e que ela nem era boa, nem preciso dizer que a vontade era de voar no pescoço. Ela podia ser alcolátra drogada o que fosse mas ela era filha de alguém, irmã de alguém, prima de alguém. Mais respeito por favor?
O fato é que a Amy foi parte da minha vida, espero ainda de coração ter o Back to Black, espero ir à uma festa fantasiada dela e com certeza ela vai estar sempre lá, no A da minha biblioteca, não importa com quantas músicas.